Kapricho de Dukes
Uma nova experiência, uma incursão pelo mundo das artes artesanais, o espelho de muitos serões e tardes de fins-de-semana passados em família a criar, a idealizar, a sonhar, a viver diferentes sensações. Criamos assim as DukArtes, com o objectivo de partilhar - com todos os que nos enobreçam com as suas visitas – um pouco da nossa ilusão, um pouco da magia criativa que nos faz acreditar que "Qualquer Tipo de Arte é Uma Excelente Forma de Estar na Vida".
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Leaving Las Vegas (Sting - My One and Only Love)
Leaving Las Vegas é um drama romântico carregadíssimo de fortes perturbações, baseado num romance autobiográfico do escritor americano John O’Brien (1960-1994) que se suicidou duas semanas após o início da rodagem do filme.
Uma intensamente triste história de amor e de auto-destruição, que nos esgota emocionalmente, focando constantemente a forte determinação de um homem em se aniquilar, bebendo de forma abusiva e sistemática, até à morte, mesmo que uma imprevisível e inquieta amizade emane espontânea e inesperadamente no seu caminho e lhe troque as voltas nas últimas semanas que lhe restam. Apesar do pacto de não interferência nas suas vidas pessoais, Ben (Nicolas Cage) e Sera (a lindíssima Elisabeth Shue), protagonizam momentos de rara beleza em que acabamos, invariavelmente, em lágrimas. O horror da vida quotidiana na rua, a violência sexual, o excessivo abuso de substâncias, provocam fortes emoções à mistura com suaves sensações, que encontram o seu esplendor quando nos invade, alma adentro, como que inevitavelmente, My One and Only Love...
sábado, 3 de dezembro de 2011
Correio Interno: Dedico-vos!
... e para quem tiver curiosidade, aqui fica: http://
domingo, 20 de novembro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Evening In Paris - Fumio Karashima et Toots Thielemans
Era um fim de tarde cinzento, como os acordes do baixo e as variações da gaita-de-beiços deixavam transparecer. Sob a janela do meu quarto, correndo serenamente, o Sena transportava toda a mansidão do mundo para um mar de ilusões que todos vivíamos entre sonhos e agonias. As estrelas iniciavam o seu cintilar, sobre os telhados do casario ancestral e eu, alheado de tudo, perdia-me a contemplar os casais que apaixonadamente escapavam entre os ciprestes, procurando nas sombras a ilusão da invisibilidade e se amavam vorazmente, apartados da realidade que os abarcava. Os pássaros, centenas de pássaros, clamavam num chilrear ensurdecedor enquanto procuravam o último galho disponível, para o merecido repouso nocturno. Cerrei as janelas e entendi que os sons embaladores de Karashima e do Thielemans sobrepunham-se a qualquer infeliz intencionalidade que me pudesse fazer sair daquele quadro, daquele quarto, daquele sonho… Bateram à porta. Limitei-me a girar a cabeça na sua direcção, desejando que tivesse sido uma estranha sensação e que, na verdade, nada nem ninguém ousasse interromper tais edílicos momentos. Permaneci acostado à parede, observando pela janela a excelência da vida e ousei recuar um passo, saindo dentro de mim próprio, deleitando-me com aquela estranha sensação, de um corpo inerte, de costas para a realidade e extravasando uma nostálgica satisfação. Algumas gotas de chuva outonal vieram compor aquela tela na cidade luz e confundindo-se com as lágrimas de prazer que me escorriam na face, deram-me a entender que as coisas simples e bonitas trazem-nos uma imensa felicidade. Jamais voltaria aquele quarto, porquanto os sonhos raramente se repetem com a mesma intensidade, com as mesmas imagens, tão-pouco nos permitem o mesmo prazer. A porta foi novamente espancada por um som abafado e triste e eu, esforçadamente, arrastei os pés como se uma modorra imensa me aprisionasse num grilhão intransponível. O esforço desumano para atravessar o quarto foi profusamente compensado quando, escancarada a porta, a minha alma foi invadida com Evening In Paris…
sábado, 15 de outubro de 2011
Tom Waits/Crystal Gayle - Take me home
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Os prazeres que desvanecem…
Há muito, muito tempo era para mim irrealizável que a noite não terminasse de forma magnificente, entre as brumas dos sonhos e o calor dos corpos pequeninos cujo odor inalava inebriantemente. Entre o coça-coça em jeito de ritual e pequenas estórias descobertas nos baús de férteis fantasias, o joão-pestana chegava sempre ao som da Laurinda linda linda és mais linda do que o Sol… trauteada quantas vezes num imponderável sopro, entre-dentes, tropegamente e com os versos trocados e quantas vezes imperceptíveis, mesclados de significados que eu, mais tarde, não conseguia interpretar. Mas elas, atentas - mais do que eu poderia imaginar – nas manhãs seguintes não deixavam de me lembrar: Papá, ontem inventaste imenso a música da Laurinda…
Para a NiNi, para a Mia, com um imenso e eterno AMOR e muitas saudades do tempo que teve o seu tempo, mas que nós soubemos deliciosamente apreciar.